sábado, 31 de janeiro de 2015

Pedro Mentira




               Numa cidadezinha do interior de São Paulo, existia um sujeito mentiroso, engraçado e de meia idade. Gostava de inventar lorotas, enganar os outros. Era a mentira em pessoa! Por isso, perdeu seu nome de batismo e foi apelidado pela população de Pedro Mentira.
              Certa vez, ele chegou à Sub-Prefeitura, o pessoal estava tomando o cafezinho da manhã, quando o funcionário de primeiro escalão, Luis Manco perguntou-lhe:
              - Qual a mentira dessa vez Pedro Mentira?
              Pedro Mentira ficou cabisbaixo, triste, e respondeu-lhe:
              - Hoje me recuso a contar uma, estou chateado.
              - Ah!... Conta uma mentirinha, nem que seja bem pequenininha, conta! Só para não perder a força do hábito.
              - Não! Hoje meu coração está de luto.
              - Por quê? O que houve?!
              - Um velho amigo faleceu agora a pouco.
              - Quem?!
              - O mais ilustre dos cidadãos da nossa cidade, o meu compadre e pioneiro, Neném Baiano.
              - Sério? Meu Deus!
              Luis Manco correu para o telefone e avisou o prefeito. Fez-se um alvoroço... Foi decretado luto oficial por três dias, imediatamente. Os funcionários foram dispensados. O comércio baixou as portas. O badalo da Igreja anunciou o acontecido. O povo colocou tarja preta no ombro em sinal de luto. A lamentação tomou conta daquele lugar.
              Luis pegou a família, pôs no seu carro e partiu para o Distrito rumo à casa do falecido. Formou-se um comboio. O ônibus da prefeitura, lotado, partiu pra lá também. Quem não tinha carro ou carona foi do jeito que pôde.
              O Distrito ficava a uns seis quilômetros. A cidade partiu pra lá. O choro tomou conta do comboio.
              Luis Manco, que puxava a fila, ao se aproximar da casa do morto, observou que não havia movimento algum nela.
              O povo do Distrito ficou assustado com tantos carros e visitantes. Luis Manco gritou para o Zitão que estava sentado a beira da porta:
              - Onde é o velório!
              - Sei não sinhô!
              Luis Manco fez a volta e foi até a pracinha, centro do Distrito, e percebeu que os TRUQUEIROS estavam em silêncio, e ao se aproximar, desmaiou... Quando acordou, notou que estava no quarto do Hospital Municipal, e assustado, rodeado de muita gente, gritou:
              - Que aconteceu! Que estou fazendo aqui?!
              Observou dentre a multidão a presença de Pedro Mentira, e irado, gritou:
              - Pedro Mentira, seu desgraçado! Você quase me matou! Por que fez isso?!
               Pedro Mentira meio embananado respondeu-lhe:
              - Ué, você não me pediu para contar uma mentirinha!

                   (Autor – Prof. Osmar Soares Fernandes)

    
Professor Osmar Fernandes
Enviado por Professor Osmar Fernandes em 08/03/2009
Reeditado em 05/05/2009
Código do texto: T1475030

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, criar obras derivadas, fazer uso comercial da obra, desde que seja dado crédito ao autor original.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado, pela visita, volte sempre! Deixe seu comentário.